Apipa Piauí
20 de abr de 20227 min
A Polícia Civil do Piauí investiga um tal 'quebra-pote', nefasto costume popular que é praticado na cidade de Caldeirão Grande do Piauí, no decorrer da sexta-feira da Paixão de Cristo. Trata-se de um brutal ato de crueldade que se disfarça de costume popular com fins de entretenimento para uma multidão de sádicos, tendo como vítima um indefeso gatinho, que é massacrado.
No final de semana passado, começou a circular denúncias nas redes sociais acerca de um tal 'quebra-pote'. É mais uma daquelas práticas de entretenimento perversas que se utilizam de animais, mascaradas com o véu do costume popular. O vídeo de um gato, preso dentro de um pote de barro e perseguido por uma multidão de pessoas no município de Caldeirão Grande do Piauí, na sexta-feira da Paixão de Cristo, ganhou repercussão nas redes sociais e tem causado indignação e revolta em internautas e entidades protetoras dos animais.
Nas imagens, o felino aparece preso dentro de um recipiente de barro enquanto uma aglomeração de pessoas ao redor, muitas empunhando pedaços de pau e pedras, aguardam o momento em que um popular quebra o pote com um porrete e o assustado animal corre em disparada.
As cenas do bárbaro episódio foram rapidamente replicadas na internet. Em algumas publicações, relatos davam conta de que o pobre animal teria morrido após ser agredido pela multidão sedenta de diversão e sangue.
Por meio de nota de esclarecimento, publicada no Instagram, a Prefeitura Municipal de Caldeirão Grande do Piauí diz lamentar episódio, popularmente conhecido como 'quebra-pote', praticado há décadas na cidade por parte da população local, mas sem o apoio do poder público.
No comunicado, a gestão municipal ainda se compromete em cooperar com os órgãos e autoridades competentes para apurar o caso e em executar ações de conscientização da população e políticas educativas para “mudar essa realidade”.
O delegado Emir Maia, titular da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), informou à reportagem do Cidadeverde.com (vídeo abaixo) que a delegacia tomou conhecimento do caso ocorrido em Caldeirão Grande do Piauí, no domingo (17), e que, na segunda-feira (18), lavrou um boletim de ocorrência sobre o caso.
“Ouvimos um ambientalista ligado à causa animal, que nos encaminhou vídeos, imagens, e instauramos um inquérito policial. Vamos até a cidade para saber se realmente se trata de um crime ou não”, diz Emir maia.
O delegado observa que tal ato de crueldade não deixa de ser um crime, mesmo por tratar-se de um costume na cidade. “O costume não pode ser contra a lei. Nós iremos à cidade para identificar os autores. Se realmente as evidências vierem nesse sentido, se for no crime de maus-tratos, os autores serão indiciados e o inquérito remetido à Justiça”, completa o delegado Emir Maia.
O famigerado 'quebra-pote', lamentável costume popular que é praticado na cidade de Caldeirão Grande do Piauí, na sexta-feira da Paixão de Cristo, é mais uma daquelas práticas bárbaras, de caráter medieval, que se utilizam de indefesos animais para proporcionar entretenimento a pessoas sádicas. O ato perverso, considerado de extrema crueldade, consiste em atar cédulas de dinheiro no rabo de um gato, colocar esse animal dentro de um pote de cerâmica, expor o recipiente em uma praça ou via pública, enquanto uma incitada multidão se aglomera em volta, esperando que o pote seja quebrado a golpes de porrete. Então, quando o pote é quebrado, o inocente gatinho, já em estado de pânico, corre em desespero tentando fugir, enquanto os participantes dessa inominável barbárie, munidos de pau e pedra, perseguem o bichinho com o objetivo de pegar o dinheiro que foi atado a seu rabo. O desfecho desse ato brutal, invariavelmente, é a morte do animal, que é massacrado com pauladas e apedrejamento.
Maltratar animais é crime previsto pela Lei Federal 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais). Vale lembrar que uma nova legislação, a Lei Federal 14.064/20 (Lei Sansão), que entrou em vigor em setembro de 2020, aumentou as penas para quem praticar maus-tratos a cães e gatos. A nova norma estabelece punição que vai de 2 a 5 anos de prisão, além de multa e a proibição de guarda de novos pets. Além disso, o rito processual passa à vara criminal, não mais ao juizado especial.
DPMA - Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente
Avenida Raul Lopes, ao lado do Parque Potycabana, Zona Leste de Teresina
Telefone (86) 99449-2387
BPA - Batalhão de Policiamento Ambiental
Av. Duque de Caxias, 3520, Primavera II, Zona Norte de Teresina
Telefones (86) 3225-2748 / 3223-7221 / 3225-2684 / 190
DE - Delegacia Eletrônica (online)
Clique no link: dv.pc.pi.gov.br
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