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Risco de nova pandemia: governo Bolsonaro fomenta expansão da caça no Brasil

Atualizado: 13 de jul. de 2021

A caça a animais silvestres no Brasil se expande de forma acelerada, graças ao irrestrito apoio do governo Bolsonaro, que é protagonista da maior devastação ambiental, jamais antes vista neste país. A facilitação às armas e munições beneficia e empodera caçadores e outros criminosos, que promovem a destruição da fauna e ameaçam a sociedade civil.

Participe! Mais de 1 milhão de pessoas já assinaram. (Foto: Divulgação / Change.org)

Proibida desde 1967, a caça continua a ser corriqueira nas florestas brasileiras e está em expansão com o apoio do governo Bolsonaro, que busca flexibilizar a venda e o porte de armas, beneficiando o grupo chamado CAC (caçadores, atiradores e colecionadores), alertam cientistas e ambientalistas. Além disso, sete projetos de lei no Congresso buscam flexibilizar a caça esportiva no Brasil.


"A caça tem aumentado com apoio do governo, que deveria coibi-la, já que é ilegal no Brasil. Como falar em porte de arma para caça esportiva, se caçar é proibido por lei? Ela espalha doenças e facilita o acesso do cidadão comum a armamentos. Empodera criminosos e ameaça a sociedade. Ambiente preservado significa doenças sob controle", afirma João Almeida, gerente de Vida Silvestre da Proteção Animal Mundial.


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A WAP-Brasil é uma das 137 organizações da sociedade civil que em agosto passado enviaram ao Congresso brasileiro um manifesto sobre a flexibilização da venda e do porte de armas de fogo promovida pelo governo Bolsonaro e as perdas de biodiversidade e serviços ambientais.


O manifesto lembra que na categoria de caçadores foi ampliada pelo Decreto 9.846/2019 a cota de armas de 12 para 30, sendo até 15 de uso restrito, incluindo fuzis semiautomáticos. Cada caçador pode adquirir anualmente até 5.000 munições para cada arma de uso permitido e 1.000 para as de uso restrito.


Em dez anos, o grupo de CACs (onde se inclui os caçadores) aumentou em 737%, com crescimento acelerado no primeiro ano do governo Bolsonaro.



No Brasil, por lei, só se pode caçar, a título de 'controle', o javali europeu, uma espécie exótica (introduzida) que se tornou uma praga devastadora de ecossistemas e plantações, e o javaporco, seu híbrido com o porco doméstico. A caça do javali foi autorizada em 2013, com propósito de eliminá-lo, mas até agora não teve impacto positivo no tal 'controle' da população dos porcos, diz Almeida.


"Existe a desculpa do 'controle' do javali para o caçador entrar no mato e matar o que quiser. Mas a caça fracassou completamente em erradicá-los. Só o que vemos são mais caçadores e javalis, inclusive em lugares onde não existiam e onde só poderiam chegar se levados pelo ser humano, como em Ilhabela (arquipélago localizado no litoral Norte do Estado de São Paulo). A caça é uma ameaça à segurança e à saúde públicas", afirma ele.


Marcelo Cupello da Silva, gerente de Fauna do Inea (Instituto Estadual do Ambiente), observa que a caça nos traz problemas que não deveríamos ter. "É mais barato comprar frango do que cápsulas de balas. As pessoas entram nas florestas do entorno das cidades para matar, porque gostam. Abatem tatu, paca, gambá, capivaras, tudo o que restou de nossa biodiversidade. Alguns dizem que carne de capivara é uma iguaria. Se soubessem a quantidade de vermes, carrapatos e patógenos que esses roedores têm, talvez não os comessem", afirma.


Ele lembra que o brasileiro se horroriza com os chineses que comem morcegos, mas em nossa sociedade há quem considere uma maravilha comer tatu, que é reservatório da bactéria da hanseníase; ou paca, hospedeira dos vermes da hidatidose, que forma cistos no fígado e em outros órgãos.


Sujo e perigoso, o comércio de carne de caça prolifera. O biólogo Izar Aximoff diz que no Estado de São Paulo o batalhão de Polícia Militar Ambiental registrou somente em sete meses de 2020 a apreensão de 300 armas de fogo com caçadores de animais silvestres. Segundo Aximoff, há um crescimento exponencial desta atividade criminosa impulsionado pela demanda por carne de caça.


A bióloga Vanessa Teixeira, assessora técnica do Inea, explica que no Brasil um único caçador pode fazer imenso estrago porque existem muitas espécies de animais silvestres, mas elas têm poucos indivíduos. É completamente diferente da fauna de países do Hemisfério Norte, onde existem grandes populações de poucas espécies. "Nossas florestas estão sob intensa pressão. Não sabemos até quando vão aguenta", diz a bióloga.


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CAÇA é uma ameaça à saúde pública


Doenças como leptospirose e raiva podem ser transportadas para as cidades pelo contato dos caçadores e seus cães com animais silvestres.


Assim como as pacas, tatus e capivaras, entre outros indefesos animais silvestres, o ser humano também pode terminar vítima da caça. Novos estudos evidenciam que a atividade, proibida no Brasil desde 1967, ameaça a saúde pública. Isto porque caçadores acabam funcionando como elo entre microrganismos da floresta e os centros urbanos: podem carregar patógenos de novas e velhas doenças, como leptospirose e a raiva, que permaneceriam longe das cidades, controlados pela floresta.


Uma pesquisa inédita e ainda em curso dos cientistas Paulo Sergio D’Andrea, Gisele Winck e Cecilia Andreazzi, do Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), já identificou 160 patógenos — entre vírus, bactérias, vermes, parasitas e fungos — em mais de 60 espécies de mamíferos caçados no Brasil. O foco do trabalho é detectar as doenças que podem ser transmitidas pelo consumo e a manipulação da carne de caça de animais silvestres.


Há motivos de sobra para preocupação. O contato com a carne de um animal infectado por coronavírus de morcego, na China, é considerado a origem mais provável da pandemia de Covid-19. Este mês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) inclusive criou um painel para a chamada Saúde Única (conceito de que sem equilíbrio na natureza não há saúde humana) e a caça é um dos principais temas.



A raiva dos javalis


Os cientistas da Fiocruz estimam que o número de patógenos seja muito maior do que o já identificado. Dos 160 listados, só dois reconhecidamente não são nocivos para os seres humanos, explica Gisele Winck. Entre os outros 158 estão os agentes causadores da febre maculosa, da leishmaniose, da leptospirose, de febres hemorrágicas e da raiva.


A raiva, considerada a mais letal das infecções por vírus, pois mata 99% de suas vítimas, foi o alvo de outro estudo, este com caçadores e javalis, animal exótico que veio da Europa e se tornou praga no Brasil. Desde 2013, a caça do javali é permitida, para fins do chamado 'controle'.


"Qualquer contato com secreção ou sangue de animal infectado é um risco para a raiva. Associe isso à falta de anticorpos por vacina nos caçadores e temos uma situação extremamente perigosa. A mistura de javalis com anticorpos para a raiva com caçadores sem vacina é uma bomba relógio", destaca o coordenador do estudo, Alexander Biondo, professor do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR).


De acordo com Biondo, diferentemente do javali, que ataca humanos, não existe um só animal na fauna brasileira capaz de nos ameaçar. Por isso, ele defende que a caça deve permanecer proibida no Brasil. "O caçador traz doenças para ele, a família e a sociedade. É um semeador de futuras pandemias", explica Biondo.


O perigo está perto


Paulo Sérgio D’Andrea diz que mais de 90% dos patógenos conhecidos que afetam os animais silvestres não lhes causam problemas. O problema é que o caçador rompe essa relação natural. "E é aí que as doenças acontecem e podem ser agressivas", enfatiza D’Andrea, vice-chefe do Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres do IOC/Fiocruz. "É preciso que a sociedade discuta a caça e tenha ciência dos riscos que ela traz".


Elba Lemos, chefe do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC/Fiocruz, lembra que “o perigo está perto”. "As florestas dos maciços da Pedra Branca, dentro do município do Rio de Janeiro, têm morcegos com bactérias do gênero Bartonella e a Coxiella burnetti, a causadora da febre Q, uma doença letal. Temos um foco de peste bubônica em roedores numa área da Região Serrana, latente há 30 anos".


O caçador vira caça também por meios indiretos. Um deles é o contato com presas vivas e mesmo partículas em suspensão. A poeira da urina seca e das fezes de ratos pode transmitir febres hemorrágicas com 60% de letalidade; se for contaminada por excrementos de morcego, pode trazer a histoplasmose, doença pulmonar grave. Além disso, muitos animais caçados não estão doentes, mas estão infectados. "Assim que um animal é morto, seus parasitas, sejam pulgas ou carrapatos, pulam imediatamente para os animais mais próximos, seja o ser humano ou seus cães".


Elba Lemos destaca que as doenças da floresta têm diagnóstico difícil e, por serem raras ou desconhecidas, podem passar despercebidas. Além disso, muitas vezes os sintomas podem emergir muito depois da caçada e quase nunca são associados a ela.


Helia Piedade, especialista nas interações entre a fauna silvestre e a saúde pública, chama atenção para a amplificação da circulação do vírus da raiva e das rickettsias causadoras de febre maculosa, doença que se não diagnosticada e tratada corretamente chega a ter 85% de taxa de letalidade. As rickettsias, tipo de bactéria, são transmitidas por carrapatos. "Os cães dos caçadores podem ser infestados por carrapatos de presas silvestres mortas, como capivaras. Os cães não têm sinais clínicos e, como circulam pela comunidade onde vivem, seus carrapatos se espalham. Quem não caça pode ser colocado em risco sem saber", salienta Piedade.


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Histórico perigoso


O pesquisador da Fiocruz Ricardo Moratelli lembra que foram caçadores de chimpanzés que levaram à disseminação do HIV. Segundo ele, o número real de microrganismos potencialmente perigosos, como os coronavírus, em ambientes naturais é um universo ainda desconhecido. "A pandemia nos mostrou a catástrofe que um único microrganismo pode provocar. Não podemos permitir riscos totalmente evitáveis, como os trazidos pela caça", diz Moratelli.


Maria Ogrzwalska, pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo da Fiocruz, diz que existem cerca de 70 espécies de carrapatos, que podem infestar todos os mamíferos, como tamanduás, capivaras, pacas e gambás, e também os cães de caçadores. Os carrapatos são transmissores de doenças como febre maculosa e erliquiose.


Segundo ela, os vírus de animais silvestres são pouco estudados no Brasil. Existem, por exemplo, três espécies de coronavírus em suínos. "É uma péssima ideia colocar as mãos, comer ou tocar esses animais. Está mais do que na hora de deixarmos os animais viverem em paz. Nem que seja apenas para zelar por nossa própria paz", diz Ogrzwalska.


Como as infecções dos animais nos afetam


Nada menos que 75% das doenças surgidas nos últimos 40 anos são zoonoses e a caça é umas das principais formas de propagação delas. Entenda:


  1. Ao entrar num campo ou floresta e abater animais silvestres, o caçador e seus cães se expõem intensamente ao risco do contato com vermes, fungos, protozoários, vírus e bactérias da fauna silvestre. Isso porque consomem a carne ou manipulam os animais vivos e trancafiados.

  2. O contato pode ser durante a manipulação do animal caçado. Por exemplo, sangue do animal ou outro fluido corporal com um ferimento no caçador ou na pessoa que prepara a carcaça, mesmo pequeno. Há ainda risco de contágio por mordeduras, arranhões e no consumo da carne.

  3. Os parasitos e/ou patógenos presentes nesses tecidos infectam a pessoa, que pode expeli-los ou se tornar portadora (hospedeiro) desses organismos.

  4. Outra forma de ser infectado é entrar em contato com insetos (como mosquitos e pulgas) e carrapatos, que infestam os animais silvestres.

  5. Dependendo do parasito ou patógeno, o humano hospedeiro pode transmiti-los a outras pessoas, iniciando um surto local e até uma epidemia — ebola e Aids têm sua origem na caça. Uma das hipóteses para a origem da Covid-19 é o contágio ao consumir animais infectados com coronavírus de morcegos.

  6. As florestas têm efeito protetor contra micro-organismos nocivos ao homem porque eles se limitam a algumas espécies e são mantidos sob controle. Mas há risco de transbordamento, quando a floresta é degradada ou o ser humano tem contato intenso com a fauna, caso dos caçadores.


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Feliz Aniversário! APIPA congratula a protetora Temis pelos seus 80 anos A protetora Isabel Moura, que é uma das fundadoras e membro da atual diretoria executiva da APIPA, fala um pouco sobre a importância da adoção de animais carentes e o trabalho que a Entidade desenvolve na reabilitação de cães e gatos resgatados em situação de maus-tratos e abandono (vídeo).


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Com informações de O Globo

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