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Coronavírus: cães e gatos são abandonados na China

Atualizado: 12 de fev. de 2020

Em Wuhan, que está sob quarentena desde 23 de janeiro, cães e gatos estão sem seus tutores, que foram impedidos de retornar para casa. Especialistas dizem que os pets não conseguem passar o vírus para seres humanos, mas 'fake news' disseminada em redes sociais deixa população em pânico.

Embora protegido por leis e tratados internacionais, o pangolim é um dos mamíferos mais traficados da Ásia, pois sua carne é considerada uma iguaria em vários países do continente. As escamas deste mamífero são usadas na medicina tradicional de países como China e Vietnã, de acordo com informações da organização World Wildlife Fund - WWF. (Foto: Kham / Reuters)

Ainda não foi provado que cães e gatos são capazes de contrair o coronavírus, mas estes animais domésticos se tornaram vítimas colaterais do pânico em torno do surto que vem atingindo a população da China, onde foram registrados milhares de casos de abandono de animais por causa do medo de que eles transmitam a doença.


Acredita-se que a transmissão do coronavírus em humanos na cidade de Wuhan tem relação com a compra e consumo da carde de animais silvestres, e as autoridades decidiram suspender, pelo menos temporariamente, essas atividades.


Supostamente originado em um morcego, especialistas acreditam que haja um animal intermediário entre os mamíferos e as pessoas. Cientistas chegaram a levantar a hipótese de que esse animal seja o pangolim.


Esse 'elo perdido' já havia levantado suspeitas. Mas o que gerou uma preocupação entre muitos tutores de pets foram as palavras de Li Lanjuan, especialista do comitê nacional que investiga o coronavírus. Ela afirmou em entrevista recente que os animais domésticos que haviam sido expostos a focos epidêmicos também deveriam ser colocados em quarentena. O filtro das redes sociais transformou essa mensagem 'de prudência' em algo como 'os animais podem contrair o coronavírus', apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) assegurar que não há provas de que isso ocorra.


Em Pequim, Peng Yunsan, de 31 anos e tutor de um 'obsessivamente limpo' cachorro da raça chow chow, diz estar preocupado, mas que tomou medidas de precaução como isolá-lo do contato com outros cachorros e limpar frequentemente a casa.


Tang, de 32 anos, tutela dois cachorros e três gatos, e afirma estar tendo 'muito cuidado' ao passear com seus cães, ainda que não tenha mudado a rotina por medo do contágio.


Apesar de ser verdade que existem tipos conhecidos de coronavírus que afetam gatos e cachorros, a transmissão se propaga unicamente entre os membros da mesma espécie. Especialistas descartam, no momento, que o novo coronavírus (de Wuhan) passe para esses animais.


Nos últimos dias foram registrados inúmeros casos de abandono de animais, segundo a imprensa local, e nas redes sociais, alguns afirmam que em cidades como Tianjin (no Norte) e Xangai (no Leste), algumas pessoas mataram seus animais jogando-os do terraço de seus apartamentos, ainda que nenhuma instituição oficial tenha confirmado esses fatos até agora.


A situação foi resumida recentemente no blog de veterinária ‘Cute pet doctor’: “Nesta epidemia, os rumores são mais destrutivos que os vírus”.


“A polícia deve deter e punir as pessoas cruéis que estão matando esses animais”, disse, ao ser perguntado pela EFE, o vice-presidente para Campanhas Internacionais da organização Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais (PETA), Jason Baker.


Tanto Tang como Peng mostram-se indignados por esses supostos abandonos e sacrifícios de animais na atual crise. O primeiro expressa um 'desprezo extremo' aos tutores desses animais, enquanto Peng tem uma mensagem idêntica mas um pouco mais diplomática para eles: “doem-nos”.


A cidade de Wuhan, epicentro do vírus, encontra-se sob quarentena desde 23 de janeiro de 2020. Antes disso, cinco milhões de habitantes saíram da cidade, e não podem voltar devido ao fechamento dos acessos.


Muitos deixaram seus animais em casa com comida e água suficiente para alguns dias, com a intenção de voltar depois dos feriados do ano-novo chinês. Ao não conseguirem fazer isso, seus animais encontram-se agora presos em seus lares sem os cuidados que necessitam. Por isso, várias associações protetoras de animais da cidade se mobilizaram, em um momento em que muitos não querem sair de casa, e estão indo às casas dos tutores dos animais que pediram ajuda para fornecer comida e água para os pets, cuidar das condições higiênicas e, inclusive, levá-los às casas de amigos.


Segundo a Associação de Proteção de Pequenos Animais de Wuhan, há entre 300 mil e 600 mil cachorros e gatos domésticos na cidade, que possui 11 milhões de habitantes.


Até agora, cerca de 70 voluntários da organização foram para mais de 500 casas, e receberam pedidos para ir a mais 3 mil, conforme informou a presidente da organização, Du Fan, em entrevista à agência de notícias EFE, através de um aplicativo de mensagens. Em alguns casos, os voluntários chegaram quando era tarde demais. “Haverá mais [casos em que os animais foram achados mortos] no futuro. Há tantas pessoas pedindo ajuda que não temos dado conta”, lamentou a protetora.


Os voluntários fazem videochamadas com os tutores enquanto estão nas casas dos mesmos, e levam comida de forma gratuita para locais onde já não chegam muitos suprimentos. Nos apartamentos 'com senha' podem entrar sem problemas, porém para os que possuem fechadura foi necessário usar os serviços de um chaveiro, mais gasto que os voluntários tiveram que fazer para socorrer os animais.


Enquanto as autoridades não anunciam uma data para encerrar o isolamento da cidade, os membros da Associação deixam alimentos que podem durar entre 10 e 15 dias nas casas que visitam: “Esperamos que eles sobrevivam enquanto seus donos não conseguem retornar”.


O Pangolim


Escamas do animal são usadas por curandeiros, sobretudo na China e Vietnã


Assista ao vídeo / Estadão


O mamífero mais traficado em todo o mundo é um animal típico de regiões da África e da Ásia, pouco conhecido na América do Sul, embora tenha algumas características semelhantes às do tamanduá, comum em terras brasileiras. Algumas de suas peculiaridades, porém, fazem do pangolim um dos bichos mais visados por caçadores.


Com o corpo coberto por escamas (feitas de queratina) e sem dentes (ele se alimenta principalmente de formigas e usa sua longa língua para capturá-las), o animal virou alvo principalmente por ser utilizado na medicina tradicional (alternativa, baseada em crenças e teorias) de países como China e Vietnã.


"Os asiáticos usam as escamas dele com vários propósitos, que vão de tratamento de câncer até o de males mais simples, como inchaço e artrite", explica Lisa Hyood, da Tikki Hywood Trust, organização baseada no Zimbábue, que resgata, reabilita e liberta pangolins vítimas do tráfico. "Alguns curandeiros tradicionais africanos também utilizam o pangolim, mas não no mesmo nível e na mesma quantidade que eles têm sido usados na Ásia."


Existem oito espécies de pangolim, todas ameaçadas de extinção. Eles são animais de hábitos noturnos e solitários, que costumam se enrolar em torno do próprio corpo quando se sentem ameaçados. Estima-se que cerca de um milhão de pangolins foram caçados na última década.


Por causa da alta procura pelo animal na Ásia, ele está praticamente extinto no continente. Numa tentativa de suprir a demanda, os caçadores têm se voltado agora para capturá-lo na África. Uma conferência internacional, que aconteceu na África do Sul em 2016, buscou determinar um futuro menos sombrio para o mamífero mais traficado no mundo.


A deliberação da Cites (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagem), acordo entre governos com objetivo de garantir que a venda de espécies de animais e plantas selvagens não ameace a sua sobrevivência, pode tornar a caça a pangolins algo ilegal. As informações são da BBC News.


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Com informações do Estadão

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