Agosto Verde: leishmaniose não é sentença de morte para animais
No mês de conscientização sobre a prevenção da infecção parasitária, contamos histórias de cães sobreviventes que, com acompanhamento e tratamento adequados, conseguem viver com bem-estar.

Complexa, crônica e com múltiplos sinais, a leishmaniose era, até pouco tempo, motivo de desespero para muitos tutores, dada a sua gravidade. Com possibilidades remotas de tratamento, a orientação era, quase sempre, optar pela eutanásia. Atualmente, as possibilidades de o animal infectado viver bem são consideráveis e, para além dos cuidados posteriores ao diagnóstico positivo, há também maior conscientização sobre a prevenção da doença, que uma proposta da campanha Agosto Verde.
A leishmaniose é uma doença infecciosa, porém, não contagiosa, causada por parasitas do gênero Leishmania. Os parasitas vivem e se multiplicam no interior das células que fazem parte do sistema de defesa do indivíduo, chamadas macrófagos. Há dois tipos de leishmaniose: leishmaniose tegumentar ou cutânea e a leishmaniose sistêmica ou visceral, também conhecida como calazar.
A transmissão da leishmaniose acontece por meio da picada de insetos hematófagos (que se alimentam de sangue), conhecidos como flebótomos ou flebotomíneos. Os flebótomos medem de 2 a 3 milímetros de comprimento e, devido ao seu pequeno tamanho, são capazes de atravessar as malhas dos mosquiteiros e telas. Apresentam cor amarelada ou acinzentada e suas asas permanecem abertas quando estão em repouso. Seus nomes variam de acordo com a localidade, sendo os mais comuns: mosquito palha, tatuquira, birigüi, cangalinha, asa branca, asa dura e palhinha. O mosquito palha ou asa branca é mais encontrado em lugares úmidos, escuros, onde existam muitas plantas.
As fontes de infecção das leishmanioses são, principalmente, os animais silvestres e os insetos flebotomíneos que abrigam o parasita em seu tubo digestivo, porém, o hospedeiro também pode ser o cão doméstico e o cavalo.
Na leishmaniose cutânea, os animais silvestres que atuam como reservatórios são os roedores silvestres, tamanduás e preguiças. Na leishmaniose visceral, a principal fonte de infecção é a raposa do campo.
Embora alguns canídeos (raposas, cães), roedores, edentados (tamanduás, preguiças) e equídeos possam ser reservatório do protozoário e fonte de infecção para os vetores, nos centros urbanos a transmissão se torna potencialmente perigosa por causa do grande número de cães, que adquirem a infecção e desenvolvem um quadro clínico semelhante ao do homem.
A doença não é contagiosa nem se transmite diretamente de uma pessoa para outra, nem de um animal para outro, nem dos animais para as pessoas. A transmissão do parasita ocorre apenas através da picada do mosquito fêmea infectado.
Mais comuns nos cães, o tipo visceral apresenta, inicialmente, sintomas inespecíficos e que podem levar meses ou anos para se manifestarem — 70% dos animais infectados podem ser assintomáticos e manterem-se assim por até sete anos. Os outros 30% poderão manifestar múltiplos sinais: doenças na pele, alteração oftalmológica, emagrecimento, apatia, prostração, claudicação (quando começa a mancar), anemia e aumento das unhas, do baço e dos linfonodos. A insuficiência renal, que também pode ocorrer, é a complicação que mais mata cachorros com a doença.
Conforme explica o veterinário Paulo Tabanez, especializado em doenças infecciosas e diretor da clínica veterinária Tabanez, o diagnóstico da leishmaniose se dá a partir da história clínica do paciente e das alterações laboratoriais, confirmadas por meio de testes moleculares, parasitológicos e sorológicos. Este último, inclusive, quando qualitativo, não é totalmente específico, apesar de ser recomendado na rede pública de saúde, e abre margem a falsos positivos, tópico que traz à tona a discussão do quanto a opção pela eutanásia pode ser equivocada. Diagnósticos fechados, somente com testes quantitativos e com coleta de material para análise parasitológica e/ou molecular.
Quanto às opções de tratamentos, recomenda-se administrar medicamentos que visam melhorar a resposta imune e diminuir a inflamação, juntamente àquele específico para tratar a infecção. Hoje, a única droga leishmanicida autorizada no Brasil para o uso em cães é a miltefosina. "Trata-se de um recurso caro e bastante complexo, que demanda a realização de vários diagnósticos para fazer o monitoramento desse animal. Ademais, não é possível eliminar o parasito totalmente. Este é apenas reduzido ao ponto de diminuir os sintomas clínicos", explica Lucas Edel, professor, veterinário e mestre em doenças infecciosas e parasitárias.
As medidas de prevenção existentes e atestadas cientificamente, mesmo com certa limitação, devem ser recomendadas. São elas: as coleiras repelentes e os produtos típicos, que apresentam maior efetividade frente às demais ações de controle; a vacinação específica para a doença; e, coletivamente, o manejo do ambiente, com o fim de manter a limpeza em dia, realizando a poda de árvores e evitando o acúmulo de matéria orgânica, onde o vetor se multiplica.
Para os tutores com cãezinhos diagnosticados com a doença, Tabanez deixa o recado: "É absolutamente possível dar qualidade de vida ao animal, que deve ser tratado e bem amparado. O que o responsável precisa fazer é escolher profissionais que sejam capacitados para acompanhar esse paciente, porque é uma infecção para o resto da vida, sendo importante reconhecer e conhecer as recaídas para que as intervenções sejam rápidas e eficientes".
Edel acrescenta que a avaliação do veterinário levará em conta a situação em que o animal está. "Se ele chega com a doença muito avançada, com lesões renais, por exemplo, o prognóstico é mais reservado. Ainda assim, a ideia é postergar a vida dele em meses ou anos, dado que o tratamento tem como único objetivo o bem-estar animal", analisa. Os especialistas, Tabanez e Edel, foram palestrantes no WorldLeish7, maior evento do mundo a respeito da leishmaniose.
Tratamento bem sucedido - vida prolongada
Quando a servidora pública Elisa Salomon resgatou a cadela Dora, abandonada nas ruas, a peluda estava em pele e osso, e as avaliações iniciais não foram positivas para leishmaniose. Desconfiada, a tutora entrou em contato com membros de um grupo de proteção a animais, do qual fazia parte, e pediu o contato de um veterinário especialista. Na época, há 16 anos, além do assunto ser um certo tabu, era proibido tratar a doença, de forma que a orientação era sacrificar os animais infectados. Mas com Dora a história foi diferente.

Com os medicamentos adequados, importados, a cadela viveu cerca de 12 anos, muito bem, por sinal. Quando faleceu, há quatro anos, curiosamente, a causa da morte não teve relação alguma com a doença. Elisa se recorda que o fato de a peluda ter um aspecto magérrimo e possuir unhas crescidas eram os indicativos mais evidentes, entre os sintomas da infecção.
Atualmente, Elisa convive com Frederico — Fred, para os íntimos —, que também tem leishmaniose e é paciente do mesmo veterinário que tratou Dora. Assim como sua "irmã", foi resgatado das ruas e está com a família há cinco anos. Por não ter apresentado sintomas para a doença, só foi diagnosticado após uma bateria de exames. Inicialmente, o tratamento escolhido foi intravenoso, mas os resultados não foram bem sucedidos, o que levou à mudança para a medicação oral.

Felizmente, Fred respondeu bem e está ótimo! Os remédios são diários e os exames de controle, regulares. "Não acho que seja caso de se assustar com o diagnóstico. Leishmaniose tem tratamento, que exige, no entanto, sério comprometimento do tutor, pois é para toda a vida do animal", aconselha a tutora.
Quem também passou por uma situação semelhante foi a enfermeira Nayane Nogueira, tutora do vira-lata Chico, de 5 anos, encontrado no estacionamento de seu trabalho e resgatado. Como estava bastante debilitado, o resultado positivo para algumas doenças já era esperado. O peludo chegou a ficar internado por cerca de 20 dias, período em que foi diagnosticado com a leishmaniose e mais uma série de patologias, como a doença do carrapato e a sarna. Nayane sentiu medo de perdê-lo.

Nesse primeiro momento, iniciaram um tratamento com medicação via oral, ainda na primeira clínica, mais em conta. O cão reagiu bem, mas as lesões permaneceram e, então, buscaram um acompanhamento mais especializado. Em relação aos sintomas, perceberam lesões no nariz, nas orelhas, nas patinhas e algumas manchas pelo corpo. As unhas estavam em formato de garras grandes e os linfonodos, inchados.
Hoje, Chico vive muito bem, é ativo, brincalhão, não é prostrado nem tem a aparência de um animal doente. "Come bem e dá trabalho como qualquer outro cachorro", conta Nayane. Às vezes, as lesões voltam, já que a doença não tem cura, mas é normal e a tutora consegue controlar bem. "Quando fazemos a adoção de um cachorro de rua, precisamos estar abertos a todos os riscos que isso pode vir a ter, não só em relação aos cuidados, mas às doenças que ele poderia ter", alerta.
Para os tutores que estão lidando com o problema, Nayane recomenda que busquem informações e profissionais especializados. Ela se recorda de precisar lidar com veterinários desatualizados, que não sabiam como tratar corretamente e chegaram a recomendar a eutanásia. "Fiquem calmos e procurem o melhor tratamento para o seu bichinho. Chico está conosco há mais de três anos e nunca precisou ficar internado. Faz uso das medicações diárias e não pode ficar sem elas. Tudo vale a pena quando recebemos o carinho dele que, por ter vindo da rua, também é muito carente de carinhos e cuidados."
Sobre vacina e cura da doença
É possível falar em cura?
Não há cura parasitológica, que é não ter mais o parasito. Mesmo com o animal em tratamento, a carga parasitária ainda estará circulante, daí a importância do acompanhamento prolongado. A cura clínica, em contrapartida, que é não ter alteração clínico-patológica, é extremamente aceitável e alcançável, assim como a cura epidemiológica, que é não ser infectante. Vale lembrar que o tratamento tem uma validade. Após certo tempo, pode não ter mais resultados.
A vacina contra a leishmaniose canina é eficaz? Como ela funciona?
Só existe uma vacina no Brasil, administrada a partir dos quatro meses de idade. São três doses com intervalo de 21 dias entre elas e, depois, uma dose anual pelo resto da vida. Protege contra a doença e a infectividade, mas não contra a infecção, já que não irá prevenir a picada do mosquito palha. O animal, porém, terá menos chance de ficar doente, ser infectante ou mesmo apresentar sinais clínicos. Para evitar a infecção, o ideal é usar repelentes e inseticidas.
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Com informações do Correio Braziliense e Biblioteca Virtual em Saúde